quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ONLYLYON


Novo almoço em fast-food pela santa internet que (adivinhem!) não estava funcionando! Ao menos uma salada pra amenizar a gordura...
Voltinha por Bellecour, centro turístico pra dúvidas e bilhete do Grand Tour. Antes, um pain au chocolat pra começar bem o passeio. Acho que vou voltar gordo pacas.

Já familiarizado com a ville, que tal um city tour oficial pra ver Lyon com olhos de turista? Um ônibus aberto, cada um com seus fones com explicação dos pontos turísticos disponível em 6 línguas (inglês, francês, espanhol, italiano, japonês e alemão). O tempo tri bom ajudou também. Pode se descer e subir em quaisquer dos pontos em que o ônibus para, durante todo o dia. Interessante pra conhecer um pouco dos arredores de Lyon, uma vez que o ônibus vai para trás de Fourvière, em Vaise, uma cidade-distrito enorme.
Fini le tour, metrô para Montplaisir. Bienvenue au Musée Lumière, no Château Lumière, antiga residência dos irmãos Louis e Auguste de mesmo sobrenome, criadores da cinematografia. A visita vale pelo palacete em si, imponente, domina a vista ao redor da praça do bairro de Montplaisir, na esquina da rue du Premier Film que, como o próprio nome diz, nela é que foi gravado o primeiro filme do mundo (exibido no museu, claro). As peças no interior são de extremo luxo e amplas, bem como nos filmes e novelas. Exemplo perfeito da exuberância da nobreza francesa. O "pátio" do Château Lumière é todo o resto da quadra, cheio de árvores enormes e homenagens de e a diversos cineastas e fotógrafos, aberto ao público e cheio de bancos, um miniparque. Aos fundos, o hangar no qual foi gravada a cena do primeiro filme. Passeio imperdível para quem vem a Lyon e fundamental para os amantes do cinema e da fotografia, profissionais ou não. O acervo de equipamentos e a evolução das máquinas e tecnologias é impressionante. Vive les frères Lumière.
Metrô encore. Vieux Lyon para visitar o Musée des Miniatures et Cinéma. Interessante, bastante coisa originalmente utilizada nos estúdios de Hollywood para vários blockbusters. Os cenários do filme "Perfume: A História de um Assassino" são muito reais, os caras são muito bons.
Um sucré des pommes e uma tarte au sucré (na foto) para dar um plus no dia, compras de infra no Carrefour (lençóis, cabides, panos etc.) e casa do Omar pra jantar (sim, de novo. Escalado, né?). Como terminou o Ramadã, muita coisa muito boa sobre a mesa, que parecia uma cena de O Clone haha
Trouxinhas de carne, tarte du champignon e outras delícias marroquinas de encher os olhos e a barriga. Quell'experiénce!

Bom pra viver
Place des Terraux - Hôtel de Ville



Tarte au sucré et Grillé aux pommes. Os dois très bons!

domingo, 28 de agosto de 2011

Pegando o Visaton

Estação do Tramway (tipo de um metrô de superfície
incrivelmente eficiente e prático)

















Lyon tem uma coisa muito interessante. Segundo o Omar, é uma das melhores infraestruturas de transporte comum da Europa. E é mesmo. Embora a cidade seja muito espalhada, não importa onde se quer ir, SEMPRE há uma linha de tramway, metrô ou ônibus que passa por ou vai até lá. Tempo de espera máximo de 15 minutos para qualquer transporte, com horários de chegada em tempo real nas plataformas e paradas. É incrivelmente fácil e rápido de se locomover, parece a estrutura dos parques da Disney. Alô, Visate? Benchmarking pra vocês aqui.

Un jour à Lyon (le 26 août)

Depois de comprar a Carte de Bus (25 euros por mês, acesso livre a todos os transportes), roupas boas, bonitas e baratas na H&M (recomendo!), almoço des allumettes de boeuf strogonoff no Bar Américain (primeira refeição na França com tamanho reduzido, até porque as batatas-fritas não contam, mas era bom e não fiquei com fome logo). Mais algumas voltas e compras necessárias, encontro Omar no UGC, cinema do La Part Dieu pra ver Le Planet des Singes (Planeta dos Macacos). Ao contrário do Brasil, a maioria dos filmes e séries americanos vem tudo dublado, tanto no cinema como na TV. C’est drôle!
Pra finalizar o dia, me escalo novamente pra jantar na casa da família Abed, com uma sopa muito boa e umas almôndegas marroquinas, melhores do que todas que já comi. Não é só no Brasil que tem mãe que cozinha bem. De novo, uma hospitalidade que me deixa sem jeito, que família! Merci beaucoup Mme Abed!

Allumettes de boeuf strogonoff

sábado, 27 de agosto de 2011

La Lyon d'Omar

     
  




     









      Um novo dia de um novo tempo que começou. Ao encontrar o salvador lionês Omar, rumamos ao centro pra comprar um portable (celular) local. Dr. Álvaro iria gostar das lojas e os vendedores árabes, pechinchas e alguns aparalhos meio duvidosos. “S’il vous plaît, je voudrais un Nokia.” “Bien, monsieur. 39 euros.”
Feito isso, monsieur Abed precisava cortar os cabelos. Um coiffeur (não, não é chique, aqui todos os cabeleireiros se chamam assim) árabe, com Habib Habib tocando a mil e papos franco-arábicos. Cena de filme. Pelo menos já sei onde cortar o cabelo com lavagem por 10 euros. C’est bon prix.
Bienvenue à l’Université Lumière Lyon 2. O campus central da Lyon 2 (nas fotos do álbum do Picasa) é muito bonito, aquelas universidades de filme. Um pulo na Division des Relations Internationales pra confirmar a minha chegada e tirar dúvidas de alojamento e reuniões de início. Fome.
Almoço na Place Bellecour, no Pizza Pino, rede de restaurantes italianos que existe em outras cidades francesas. Um cocktail de pâtes (3 tipos de massa e 3 molhos) por 13 euros. Ah vá lá, de vez em quando pode, e era bem servido e bom. Um Haagen-Dazs por 2 euros de sobremesa e muitas voltas. Dor nos pés.
Visitamos a residência universitária onde ficarei. Muito legal, informações virão ao me mudar pra lá. Não perca! Na próxima semana!
Pra terminar o dia, o Môia, um amigo do Omar que mora em Paris, nos encontrou pra tomar um café, há tempos eles não se viam. Um cara pronto pro réveillon, todo de branco, mocassim e chapéu de palha, igual ao Wyclef Jean, vem caminhando agarrado num plástico enorme cheio de quadros pintados. Toda a pinta de um vida boa que não faz nada. Olha esse preconceito, João Pedro Roth: o cara estudou na HEC Paris, uma das melhores business schools do mundo, é consultor financeiro e pinta como hobby, uma figura! Tá sempre viajando pela França, no dia seguinte já ia pra Nice visitar a “namorada”. É, acho que já tenho o roteiro do filme.


Marchemo

      Ao acordar no primeiro dia sozinho, café da manhã bem naquelas (ao menos é incluso) com pão de quebrar os dentes. Vida de estudante né. Depois de pagar absurdos 4 euros pra poder usar a internet por 12 horas (na residência universitária paga-se 6 euros o mês inteiro, 24/7!) consigo enviar e-mails pra famiglia e atualizar Facebook e fotos. Feito isso, andiamo!
Alone in the dark, a 8.500 km de casa. Uma cidade desconhecida, um idioma diferente, uma vida muito diferente. Alors on marche.
Aconselho isso a todo mundo: escolha um país que fale outra língua, uma cidade que nunca visitou, e simplesmente caminhe. Saia do hotel e vá por onde as ruas te levarem. Não existe sensação melhor, a adrenalina de um mundo completamente novo, em que não há uma zona de conforto ou segurança de se saber o que fazer ou onde ir. É bom para percebermos como somos apenas uma pequena parte de um todo imenso, e que existe muito, mas muito mais, do que o nosso dia-a-dia e a vida que conhecemos. Viajem!!! (não pessoal, não escrevi errado, tá na 3ª pessoa do plural mesmo).
O calor continuava, e, a não ser que se resolva pagar 3 ou 4 euros por uma água em um café ou restaurante, é preciso garimpar pra encontrar um supermercado que venda água gelada. Só existe na temperatura ambiente, a 35 graus! Pelo menos ao se almoçar ou jantar nos restaurantes, uma garrafa de água gelada é trazida na hora, sem custo. Au moins, ma jolie France!                                                                   Depois de um sandwich américain avec une Coca-Cola perto da Universidade, marchemo de novo. Novamente testando os rumos que escolhia, me dou de cara com le Crayon, o maior prédio de Lyon, a torre onde fica o hotel Radisson (p* quanto “on” nessa frase!). Crayon porque ele parece um giz de cera gigante... Atrás dele, que alegria: Centre Comercial La Part-Dieu! Testemos.
Um shopping enorme de quatro andares, com muitas lojas boas (Apple, H&M, Decathlon, Zara, Hugo Boss, C&A etc.) E em cima do shopping, um mega Carrefour de dois andares. Detalhe: o segundo é só para comida. O Carrefour francês parece o Zaffari... quem dera o nosso fosse assim. E certos exemplos de civilidade que provavelmente não funcionariam no Brasil até causam inveja: na seção de frutas, não é preciso esperar a moça da balança, ao colocá-las na mesma, uma tela touch screen permite escolher qual a fruta/vegetal a ser pesado e a etiqueta é emitida. Acho que, au Brésil, muita maçã importada ia sair com etiqueta de limão...
Infinitos tipos de queijo dominam a fromagerie, e a seção de carnes parece a foto da propaganda “Economizar é comprar bem”. De dar água na boca.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Família Abed

Não bastasse me buscar e fazer um tour pela cidade, Omar me convidou pra jantar com a família dele. Morto de fome, cansado e sem a menor ideia do que sou ou onde estou, aceito. Fizemos o check-in no Centre International de Séjour (CIS) de Lyon (http://www.cis-lyon.com/), meu hotel na primeira semana, e rumamos para a mansão Abed. A mãe marroquina e o pai argelino de Omar recebem-me como um conhecido de anos, em um apartamento que parece transplantado do Marrocos, cheio de motivos e decoração árabe. Madamme Liège piraria.
Quebrando a cabeça pra falar um francês entendível para os nativos, um verdadeiro banquete toma conta da mesa: tomates com mozarela, aspargos com molho marroquino, pão árabe feito em casa e umas trouxinhas de frango com um nome impronunciável, mas inexplicavelmente deliciosas. Para terminar, doces que pareciam saídos do Grand Bazaar de Istambul e que dispensam comentários. Meu chapéu.
Após papear com a família sobre transporte em Lyon, alojamento e viagens pela França, vou embora agraciado com um tupperware com as trouxinhas de frango, água mineral (com o calor seco desidratamos muito rápido, e claro que no CIS não tem frigobar no quarto!), Coca-cola e amêndoas. Uma hospitalidade incrível, que chega deixar a gente sem jeito. Grande Omar. Grande família Abed.
Volto para o CIS, desfaço a parte de verão das malas (o resto desidrata só de olhar), tomo um santo banho, e amanhã saio a pé para tentar entender onde é que eu fui me meter. Bons pressentimentos.

A chegada


Depois de 26 horas em trânsito, com o vôo Lisboa-Lyon atrasado 1h30min, “Monsieurs et madammes, bienvenue à l’Aéroport Saint-Éxupery Lyon”. Bagagens sãs e salvas, a  porta do desembarque. Num calor desgraçado de 36 graus, sem direito a um ventinho (sendo que já eram quase 20h) os familiares rostos do grande Omar Abed e do prof. Jean-Claude atestam: chega de avion, finalmente Lyon!
O Saint-Éxupery é um aeroporto fora de série. A uns 20km de Lyon, enche os olhos de qualquer arquiteto, todo moderno, abusando de aço e vidros em formas inusitadas. Santo Omar me aguardava com uma Passat Variant cujo porta-malas, felizmente, comportava as minhas duas “malinhas”. É só entrar no carro pra começar a sentir a superioridade da Europa e ter certeza de que, embora o Brasil esteja bombando, ainda temos muito a aprender com eles. Numa estrada que mais parecia um tapete, que tal um pedágio automático em que (literalmente) se joga uma moeda de 2 euros, ela devolve o troco certo e libera o carro na hora? Sem falar do limite de 110km/h... la vie en France est vraiment rose...
O céu ainda claro do pôr-do-sol contrastava com as luzes dos monumentos e prédios. Cena de filme. Boulevards amplos e um trânsito calmo (é o auge das férias de verão, a cidade tá meio vazia) abrem caminho para uma cidade incrível cortada por dois rios ladeados por prédios seculares. Palmas pra Lyon. E pro Omar, pelo tour gratuito que parecia encomendado.

Indo...

 


Pra manter a tradição, fotos com os parents na saída em Porto Alegre!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Viaje.


“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”